sexta-feira, 3 de agosto de 2012

EM BLOG DO TERRA, DIEGO SCHAUN FAZ UMA CRÍTICA À POLÍTICA DAS PEQUENAS CIDADES

"É mais fácil se eleger nas cidades pequenas do país"

Diz um velho ditado: “Dê poder ao homem e conhecerás quem ele é”. E não é que esse velho ditado é velho mesmo? Tão velho que até o Niemeyer relatou ter ouvido quando pequeno. Poder é o que a gente quer. Toda hora. E como é bom poder fazer o que quiser, com liberdade e cara lisa.

E assim o mundo se fez com seus continentes, numa tremenda aversão à Pangeia. E deles saíram os países, as províncias e as cidades. Ah, as cidades! Tão díspares. Grandes e abarrotadas, pequeninas e esquecidas, todas elas são assim, cheias de poder, ou de poderosos. Porque os homens poderosos são tão necessários como acnes no ouvido. Incomodam demais ao ponto de ficarmos inertes, degustando a dor e esperando que os leucócitos desapareçam. Pobre de nós. Eles nunca desaparecem!

Em cidades grandes como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a disputa por cargos no executivo e legislativo é mais difícil. Deve ser. Se não for, danem-se. Meu foco está nos vilarejos, nas campinas escondidas atrás dos arranha-céus de no máximo seis metros. Lá está a facilidade, o dinheiro solto, o ar puro, o milho verde e as risadas.

Quando as pessoas, muitas vezes sem qualquer instrução resolvem se candidatar, a democracia renasce. O dia fica mais bonito e todo o resto mais feio. Demos no poder é um caos. Não pode. Não dá. Se isso valesse alguma coisa, o pobre palhaço Tiririca não seria motivo de piada até hoje. Sem dúvidas, aqueles que merecem o poder precisam se destacar, e ter cabelos diferenciados, dois celulares pendurados na cintura e saber passar a vez no dominó.

Aparecer dentre a plebe rude é mais fácil do que tirar PlayStation de criança. Os guris não querem saber de doce. Mas o doce ainda dá dinheiro, como também cascalho solto, fios, pilhas recarregáveis, discos de vinil, lamparinas, dentaduras e folheto de missa.

Quando alguém se sobressai ante os demais, esse certo alguém cruza todos os caminhos e muda completamente a direção. Lá, dentro da sede municipal, ele detém regalias, sim, muitas regalias. Pode acordar mais tarde, escolher quem quiser para colocar onde quiser (independente da capacidade física, mental, motora, espiritual, atlética…) e decretar dias de luto quando o tio-avô de fulano de tal morrer inesperadamente. Alguém se habilitaria? Muitos de nós.

E esses muitos às vezes são pouquíssimos. Existem cidades com apenas dois candidatos a prefeito. Um cego e outro caolho. Outras, porém, têm sete ou oito concorrentes. Estes são os que se destacaram pelo mesmo motivo que havia dito acima: cabelo, celulares na cintura… E nós votamos nestes. Afinal, branco não é escolha, é cor neutra. Já basta de apáticos.

Nas pequenas polis, não existe muito lazer. Algumas pizzarias, poucas praças onde os ephebos trocam olhares, e as igrejas, onde após as celebrações religiosas os mesmos ephebos trocam olhares. Não podemos nos esquecer das festas tradicionais. E que festas! Forró até o dia clarear. Sons? Qualquer um a tocar. O que importa é o arrastapé e o quentão!

Quem precisa de mais alguma coisa? Sem reclamações. Ou seja, quem estiver com o poder nas mãos, não precisará de mais nada. Ninguém reclama de nada. Tá tudo bom, tá tudo ótimo. As coisas só mudam em tempo de eleições. Mas veja só, não é que estamos em período eleitoral? Aí o bicho pega! De repende o povo tem fome, não trabalha, deve, morre sem médicos, fica burro porque as escolas são péssimas e tudo vira um inferno.

Mas isso passa. Essas queixas só duram três meses. Depois que o mais bonito for eleito, a cidade fica em polvorosa e três dias depois do frenesi tudo volta ao normal. Mais um homem poderoso será testado (por ninguém). A fome passará. Todo mundo voltará para seus empregos. A educação superará os índices. As ruas ficarão lindas novamente e o dinheiro do próprio povo, que foi recebido em troca de votos, volta aos bolsos dos administradores públicos. Não é?

Ah, também deve ser. Por isso estou pensando em me candidatar. Mas só quando estiver bem velho. Muito velho mesmo. Tão velho quanto o ditado. Quem sabe o que farei com o poder nas mãos? Quem sabe o que você fará com o poder nas mãos? Quem sabe o que eles farão com o poder nas mãos? Quem sabe? Diz aí? Heim?

2 comentários:

Antonio disse...

Não concordo com o Schaun, sua análise é preconceituosa e sem nenhum fundamento, a não ser, que êle esteja se referindo a muitas décadas passadas, nos dias atuais, com todo mundo conectado via internet ficou muito mais fácil um vereador ou prefeito de cidades pequenas serem fiscalizados e futuros candidatos serem investigados a fundo, já nas grandes cidades ocorre o contrário, basta o partido com recursos e ligados a meios de comunicação eleger quem bem entender, vejam só o FENÔMENO RUSSOMANNO em São Paulo, deixando bem pora tras o candidato do poderoso Lula, será que sem o apoio da REDE RECORD o Russomanno chegaria onde está? e não me venham dizer que são apenas os excluidos, se fosse assim essas pessoas estariam pendendo pro lado do candidato do Lula, e que tal os atletas e atores eleitos no Rio e São Paulo? desgraçadamente o buraco é muito mais embaixo, não podemos separar a questão elitoral dos demais comportamento de um povo que só quer ter direeitos mas se negam a cumprir com seus mínimos deveres, e isso não está ligado a nenhuma camada economica específica, tanto faz nas grandes ou pequenas metrópoles.

Anônimo disse...

rsrsrs Acho super interessante essas pessoas que enxergam o mundo assim... tão lindo, sem defeitos, onde o povo fiscaliza... e como fiscaliza! Ah sim, as cidades pequenas são outras. Percebem-se com o passar dos anos a melhoria das cidades pequenas, não é senhor online 2012 mega ultra fiscal? kkkk Apoiado diegão!!!