terça-feira, 3 de novembro de 2009

CACAU ORGÂNICO É A NOVA FONTE DE RENDA

Produzir cacau numa lavoura rústica, sem usar agrotóxico e à sombra de árvores da Mata Atlântica. Esse é o modelo de cultivo usado por um grupo de agricultores da região de Ilhéus, que adotou o manejo orgânico.
Ilhéus, no sul da Bahia, é famosa por sua orla acolhedora, com casinhas, praias, coqueiros.

É também a terra de Jorge Amado.
Grande parte da obra de Jorge Amado retrata ainda o ambiente das fazendas, das paisagens e personagens do principal produto agrícola da região: o cacau. Ao longo dos séculos, esse fruto colorido se tornou um dos símbolos do sul da Bahia.
Originário da Amazônia, o cacau chegou à Bahia há mais de 250 anos. Com o tempo, o cultivo ganhou espaço e virou o motor econômico da região. O produto dava emprego, animava o comércio, movimentava portos, gerava fortunas e o Brasil se firmava como gigante mundial da produção e da exportação.
Só que, no final dos anos 1980, o cenário se transforma. Problemas no clima e preços baixos no mercado internacional atingem em cheio os fazendeiros. A situação se complica de vez com a chegada de um fungo agressivo, a vassoura de bruxa, que derruba a produtividade das lavouras.
Era o início de uma longa fase de decadência. Isso provocou mais de 150 mil desempregados no meio rural e inchou as periferias das grandes cidades da região, sem falar em suicídios, desagregações familiares. São 20 anos que, indiscutivelmente, se estabeleceu o caos na região sul da Bahia que produzia cacau.
Antes da crise, o sul da Bahia chegou a produzir 470 mil toneladas de amêndoas por ano. Em 2008, a produção anual não passou de 96 mil toneladas.

A crise econômica também provocou mudanças na paisagem da região. Endividados e sem perspectiva, muitos agricultores foram desistindo da atividade. Aí surgiram áreas degradadas, fazendas abandonadas, instalações em ruínas. Boa parte das velhas plantações de cacau acabou se transformando em pasto.
Foi nesse contexto que um grupo de agricultores resolveu apostar num mercado alternativo. A ideia era conquistar compradores com um cacau de qualidade e com apelo ecológico.

A amêndoa dos produtores é vendida pela cooperativa pra clientes do Brasil e do exterior. Todas as fazendas têm selo orgânico do Instituto Biodinâmico, uma certificadora reputada, com sede em São Paulo.

Os cacaueiros ocupam 212 hectares da fazenda.

Para receber a certificação orgânica, o produtor deve cumprir uma série de exigências. Não pode usar veneno contra praga, nem herbicida ou fungicida. Adubação química com NPK também é proibida. Para enriquecer ainda mais o solo.

Outra medida é pulverizar os cacaueiros com um fertilizante orgânico. É feito na própria fazenda e contém esterco, melaço, pó de rocha e outros ingredientes que reforçam a saúde das fruteiras.
As plantas mais saudáveis enfrentam melhor o principal inimigo do cultivo: a vassoura de bruxa, que continua presente na região, reduzindo a produtividade das árvores. O fungo deforma folhas, ataca flores e brotações e estraga boa parte dos frutos.
Para reduzir a contaminação no cultivo, sem usar fungicida, os trabalhadores da fazenda retiram regularmente todos os focos de vassoura de bruxa das copas das árvores. Vai tudo para o chão.

Para melhorar essa marca, alguns produtores também começaram a adotar variedades tolerantes ao fungo. São plantas que atingem uma boa produção, mesmo em áreas infestadas pela vassoura de bruxa.

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